quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Carta no porta-luvas

Esta é uma história de pescadores que aconteceu faz alguns anos.

Quem dirigia o velho jipe na volta da pescaria era o Antonio, mas não é um jipe normal desses que a gente vê de vez enquanto pelas ruas, é um veículo que mais parece um tanque de guerra, na verdade um jipe 45 da segunda guerra, mas tão velho que mais parece ser da primeira. Nesse enorme jipe sete amigos voltando todos na pindaíba (anzol sem peixe)

De madrugada por uma estrada de terra deserta e escura e nenhum sinal de alguma habitação a quilômetros dali.
A escuridão era rompida por um único farol que ainda funcionava. Todos quietos com a atenção naquele fio de luz, quando o silencio foi quebrado por um grito abafado e sinistro, vindo talvez de uma plantação de eucaliptos:


-Antooooooooooooooonioooooooooooooooooooooo!!!!!!!


Ninguém comentou nada, percebeu-se que Antonio pisou fundo no acelerador, chegando rapidamente na cidade.


Na despedida cada qual não se arriscava a perguntar qualquer coisa com referencia ao acontecido, com medo de que fosse algo da imaginação ou temendo uma possível gozação dos amigos.


Agenor não agüentou e fez a pergunta:


- alguém além de mim ouviu um grito de Antonio, vindo da mata?


Todos estremeceram. Agora um calafrio maior, pois não tinham mais dúvidas,


Juraram guardar segredo daquela noite sinistra.


Antonio faleceu no outro dia, Agenor no dia seguinte e depois foi o Mané e como peças de dominó enfileiradas caindo, chegou à vez de Orlando, Vicente, Edson.


Faz uma semana que tudo isso aconteceu, espero estar vivo quando alguém ler esta história, pois dessa pescaria só sobrou quem vos escreve.


Assinado: Pedro Rodrigues da Silva

Carta encontrada em uma espécie de jipe, no ferro velho da cidade Esperança.

Fernandes

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